terça-feira, 10 de junho de 2008

in "OS LAÇOS QUE NOS UNEM" - 5º Capítulo

..."- A verdadeira ascensão do homem começa no momento em que ele percebe que tudo o que procurou nos outros, durante anos e vidas, se encontra dentro dele. O alimento e o reconhecimento, a compaixão e o perdão, mas acima de tudo o Amor. Todos nós somos ou já fomos vampiros esfomeados, capazes de planear ataques perfeitos inconscientemente. Todos nós já nos alimentámos de pessoas, provámos o sangue das suas almas e sugámos a sua energia. E tudo isto para quê? Para que elas nos possam reconhecer, para que possamos ouvir diariamente o que precisamos mas não temos onde, nem como encontrar dentro de nós. Para que elas nos digam aquilo que queremos ser e alimentem o nosso ego. Esta prática, necrófaga, é recorrente em todos os seres humanos em não ascensão. Todos nós já procurámos nos outros, os seus braços de compaixão para nos ampararem e nos darem “cólinho”. Todos nós já nos refugiámos em suas casas, abusando do seu espaço, porque não conseguimos estar sozinhos na nossa e enfrentar, e desculpa a expressão, o boi pelos cornos. Todos nós já precisámos deles porque em determinadas altura da vida fomos uns coitadinhos e a vitimização ainda é o melhor caminho para termos direito à atenção alheia. E tudo isto para quê? Para que nos possam perdoar, para que nos possam entender e proteger com festinhas e cafunés que, na maioria das vezes, nem lhes apetece dar, mas como é amigo tem de ser, e a partir daí consigamos abrir, novamente, os olhos e seguir com a nossa vida. Esta é, também, uma prática recorrente em todos os seres humanos em não ascensão. Por ultimo, todos nós já exigimos que os outros nos amassem para que nos pudéssemos sentir amados. Já quisemos que a nossa companheira, o nosso amigo ou o nosso familiar estivesse disponível a dar os cem porcento dele mais os cinquenta porcento que faltavam de nós, quando na realidade isso não é possível pois nenhum todo é superior a cem porcento e o pior é que muitos ainda têm e tiveram o descabimento e a coragem demente de cobrar e dizer: “não sou feliz contigo porque não me dás o que preciso”. Este comportamento egoísta, sofre de uma patologia infecto-contagiosa, pois com o passar do tempo acaba por trazer à pessoa com quem nos relacionamos todas as frustrações interiores que guardamos cá dentro, resultantes de um passado mal dirigido, e adulterar para sempre a sua autoconfiança, auto-estima e felicidade. Esta doença, caracteriza de igual forma todos os seres humanos em não ascensão. Obviamente, que o Diogo se conseguiu identificar com alguns daqueles sintomas e quando estava a tentar organizar as ideias e separar dentro dele o que afinal ainda lhe faltava, eis que o avô Santos retoma a conversa, propositadamente, não lhe dando tempo nem espaço para seguir em diante e sublinhando a frase que, na sua opinião, mais interessava ao seu neto ouvir: - A verdadeira ascensão do homem começa no momento em que ele percebe que tudo o que procurou nos outros, durante anos e vidas, se encontra dentro dele. E não há ascensão sem um caminho. E não há um bom caminho, se não o fizermos sozinhos. Se custa? Custa. Se dói? Dói. Se é sofrível? Por vezes. Se é vital? É. Se vale a pena? Sempre. Eu sei que já estás no teu caminho, sei que já te custou e já te doeu, mas também sei que já percebeste que é vital e que ainda não descobriste que vale a pena porque te apedrejaram recentemente no coração."...

4 comentários:

Aquarius disse...

A sua escrita suscita em mim algumas dúvidas quanto ao uso do "bom português".
Percebo que, nos dias que correm, seja cada vez mais difícil ser fiel à nossa língua, incessantemente vandalizada e igualmente fiel a um estilo próprio que se tente criar no meio de tanto talento nacional que se debate por encontrar no seu idioma o jogo certo de palavras ... Mas mesmo assim mantenho algumas reservas...
Quando escreve "sofre de uma patologia infecto-contagiosa", por exemplo...
Patologia vem do grego "páthos", doença, e "lógos", estudo, tratado, portanto etimologicamente, significa estudo das doenças. Em nenhum dicionário encontro o termo patologia como sinónimo de doença ou enfermidade. Como li algures: "Dizer que o paciente tem uma patologia, seria o mesmo que dizer que o paciente tem uma cardiologia em lugar de uma cardiopatia".
Outra questão me suscitou "Se é sofrível? Por vezes." Sofrível aplica com que significado? Suportável, tolerável, admissível, aceitável? Nem sempre o será? Ou terá dado a esse adjectivo outro significado?

Aquarius disse...

Gustavo, surpreendeu-me ter aceite os meus comentários e ter respondido. Gostei!
Perguntou-me se escrevo, respondo-lhe sinteticamente que escrevo, mas não sou escritora. Tenho alguns encontros com aquilo a que chama de "processo criativo" e entendo o que me disse, claro, mas assim como filtrou a música em causa, reconhece que neste momento está muito no ouvido e, lendo algo parecido, o reconhecimento é automático.
Queria só fazer um reparo, "sofrível" não é o que faz sofrer, é sim sinónimo de suportável, tolerável, admissível, aceitável.
O bichinho crítico é o meu parasita eterno. Talvez devido à formação ou mesmo só ao mau feitio.
Boas escritas.
Saudações.

Anónimo disse...

Sem ter muito a ver com o que foi escrito, mas devo dizer que não consegui ficar indiferente. Gostei da sinceridade e "frontalidade" da mensagem, ao que parece, por ambos.
Acima de tudo sente-se que há respeito pelo trabalho.
Quanto à senhora Prinçusa, não a conheço mas gostei da escrita.
Quanto ao Gustavo, os meus Parabéns pois ainda não tinha tido a oportunidade de ler um pouco sobre "Os Laços que Nos Unem".

Beijinho grande para ti amigo e continuação de bom sucesso e muito mais trabalho.

Carla

Anónimo disse...

olá! Chamo-me Solange e tenho 13 anos. Adoro o teu blog. Ah e também adoro o teu trabalho, em especial nas Chiquititas.
Visita também o meu blog:martafernandes_fas.blogs.sapo.pt
Beijos e muitos parabéns